O Niilismo Necessário à Morte de "deus"

Segue abaixo uma resposta ao questionamento de um internauta acerca do niilismo, defendido de diferentes formas por filósofos Nietzsche, Schopenhauer e Dostoévzki, associado a estados depressivos, percebi o quanto a humanidade está chafurdada neste caminho "sem saída" de questionamentos acerca da razão de viver.

O niilismo tem seu fundamento no questionar Deus, valores morais e sociais e a própria razão de viver. E é isto que estamos vivenciando ao redor.

Então percebi que a causa disto não está no questionar crenças e valores, o que considero necessário e muito pertinente nos dias atuais, mas nas consequências deste estado de psíquico, quando a sociedade encontra-se cansada de tanta teoria infundada e de mentiras mascaradas de verdades supremas. 

O niilismo do século XXI é o caos necessário para que o homem destrone o deus da mentira, para dar lugar a uma nova versão de si e, consequentemente, do mundo que o cerca. Do mundo como vivencio e projeto em minha realidade.

Eis a resposta a este ilustre que ora me oferta oportuno lampejo de reflexão:

Antes de te responder, primeiramente, considere a possibilidade de o niilismo existencial estar atrelado a um estado psíquico. E deste estado psíquico surge um momento em que não vemos razão de viver. Isto é um estado pessoal, não coletivo. Senão todos estaríamos pelo menos com depressão. Certo? Consideremos a vida de cada um como uma projeção do que vivencia psicologicamente, seus traumas, decepções, mágoas, dificuldades, etc...

Dito isto, imaginemos que nosso sistema neural fosse cheio de ruas, vielas, becos, caminhos, encruzilhadas, bifurcações e caminhos largos, como o nervo vago e, em alguns casos, becos estreitos e caminhos fechados ou ruas sem saída. 

O estado de um deprimido ou de um apático, é o de alguém que de tanto insistir nos mesmos caminhos, durante sua jornada, entrou numa rua sem saída, ou encontrou um lugar ermo, sem luz, sem vida... Ou seja, não vê razão para continuar, pq não vê sentido na vida. Esta pessoa tira suas conclusões baseadas naquilo que vivenciou e aprendeu a projetar na vida, ainda que inconscientemente, crenças e conceitos acerca do que exprimentou nesta existência. 

Assim, não só os niilistas, mas todos os filósofos emitem seus conceitos com forte influência do que vivenciaram. Mas isto não significa que esta seja a verdade, mas a verdade desta pessoa.
Este é o início de nossa dissertação aqui, amigo.

A saída é simples: não dá pra continuar trilhando os mesmos caminhos neurais.

É necessário sair desse beco, abandonar os velhos caminhos...

Foi assim que saí do casulo. (porque passei também por isto da minha maneira).


Embora o niilismo possua muitas questões, vou ater-me à possibilidade do mesmo nos confrontar com a realidade. Pelo menos a realidade existencial do século XXI, levada à possibilidade de uma mudança, superação de si mesmo.

O niilismo é útil, desde que não nos debrucemos nos limites da razão, porquanto que considero o universo como uma extensão dessa grande rede neuro psíquica. Cada terminal (homem) o acessa, conforme sua configuração pessoal (crenças, valores, percepções), mas pode-se expandir, e só há esta forma, quando entendemos que não somos sós. 

Só há esta possibilidade que nos permite acessar as "nuvens", novos sistemas, sair dos limites do celular ou do pc (sistema físico, o corpo): questionar. 

E o caos dá origem a uma nova abordagem, pois é necessário "mudar o filme", mas isto começa apartir de dentro de cada um de nós. Do contrio, aderimos a novos paradigmas não experienciados conscientemente.

Numa linguagem niilista, é necessário matar o deus ou o não-deus como o vês com os olhos alheios para que se possa de fato conhecê-lo e vivenciá-lo como humano. (veja que aqui não nego Deus, mas questiono conceituá-lo).

O niilismo parece a meu veinconcebível a quem está preso a crenças, acho que estes tem mais dificuldade de superar o paradigma. 

O niilismo, que deve ser temporal, um estado de maturidade, quando a semente lançada ao solo deve morrer, para renascer e dar lugar ao novo. Do contrio, vive-se uma mentira. Por mais bela que seja uma teoria ou ideal.

Porém é a prova é a iniciação necessária àquele que busca a verdade que não foi falada, que está além dos livros. É o início do despertar, ou o fechamento de todas as possibilidades.

O niilismo, assim como a depressão, e as crises existenciais, são uma oportunidade de rever os valores que não são seus, mas estão dentro de si e permitir-se encontrar-se com o Deus que não conheceu. É um ritual de passagem de uma vida vazia de si para tornar-se uma 'estrela dançante", como disse Nietzsche em seu famoso livro "Assim Falou Zaratustra".

O caos é a oportunidade de atravessar as sombras, reconhecer o que deve ser mudado e superado. É a noite escura da alma, a depressão que permite esta cura, libertação e superação.

Enquanto o deus (ou não-deus, posto que o ateísmo é uma forma de inconsciente de admití-lo), criado à nossa imagem, e os valores baseados no ego não deixarem de existir, haverá controvérsias quanto à sua existência, por que estaremos discutindo crenças e luzes alheias. E estes, doa a quem doer, são subjetivos e questionáveis.

Douglas Ghimell

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