Olho Por Olho, Espelho Meu - A Coragem de Se Ver no Outro
Quando julgo algo como ruim é por que isto está gerando um incômodo em mim. Há algo dentro de mim rechaçando aquilo, ou aquela pessoa.
Na verdade, estou projetando uma imagem daquilo com o qual não aprendi conviver ou aceitar. Será uma parte de mim mesmo? Ou será minha dificuldade de olhar o outro commais cuidado?
Se olharmos mais fundo, vemos que há um conceito ou definição a cerca daquilo que rechaço.
Conceitos e definições limitam o conhecimento. Nos faz projetar nossa zona de conforto.
O que estou projetando na tela da minha vida?
É mais cômodo julgar que observar com clareza.
Jamais julguemos conhecedores de algo.
Principalmente quando este algo ou alguém nos incomoda.
Observe melhor, estude, indague, perceba. Veja com mais clareza, livre de julgamentos e conceitos.
Ao observar melhor, percebo que o que me incomoda no outro incomoda o outro também, mesmo que este não perceba.
Não é o outro, mas o que está no outro. E há casos em que projetamos nossos dissabores.
O que vejo no outro é o que me faz confrontar minha realidade. E posso estar projetando este mau, a fim de ilusoriamente tirá-lo de mim mesmo. É uma tentativa infrutífera e daninha de transferir a responsabilidade da culpa.
Quero compartilhar este texto, a fim de elucidar o tema, sob a ótica de outrem:
"Lidar com o ser humano não é fácil, as pessoas sempre criam certas expectativas que estão longe da nossa realidade, sempre querem mais do que podemos oferecer, sempre nos desenham, nos imaginam, nos colocam em seus sonhos sem nos perguntarem quem somos realmente, sem se darem uma chance de nos conhecer por dentro. Infelizmente não nascemos com o dom de agradar a todos, por mais que a gente se esforce, por mais que a gente tente ser diferente, vamos sempre incomodar a quem não se agrada da gente, vamos sempre ser o alvo de quem não nos gosta, vamos sempre ser o centro das atenções de quem não se dispõe a cuidar da sua própria vida.
Eu queria poder ensinar isto a alguns, mas infelizmente não posso, porque amor, respeito e transparência não se ensina através de palavras apenas. Aprendi que as nossas atitudes sempre terão que estar acima daquilo que falam ou pensam a nosso respeito e que o nosso jeito de ser e viver terá que ser sempre superior a qualquer maldade, a qualquer semente amarga, a qualquer sentimento mesquinho e egoista que se plantam por ai.
Precisamos nos preocupar mais em fazer o bem, em nos doar sem querermos demais do outro, a vivermos a nossa vida sem exigirmos tanto da gente mesmo e a compreendermos que somos gente de coração que vez em quando sente, e vez em quando muito.
Só sei dizer que muitas das nossas lutas e dores poucos sabem, e que por mais que a gente tente não transparecer, chega uma hora que a tristeza transborda não pelo que passamos, mas pelo que o outro não tem a sensibilidade de ver, respeitar, sentir e viver pela gente, portanto, é desnecessário você se matar tanto para agradar a todos, agrade a Deus e seja você, quem te gosta não te cobra, não te aponta, nem te acusa, apenas te nota e com você se importa..."
Cecilia Sfalsin
O julgar coloca-nos literalmente sob a lei do "olho por olho". Assim como olhamos para o outro, assim olharão para nós.
Por nossa incapacidade olhar o outro e a nós mesmos com amor e discernimento, geramos conflitos.
E o dano moral é o pior que podemos causar no outro, e, consequentemente em nós mesmos. O universo é diligente em refletir nossas emanações.
Quando nos damos a chance de conhecer melhor, aprendemos mais sobre nós e nossa própria realidade, entendemos que o desafio está em nossa maneira de olhar, em nossa prudência ao julgar, em nossa boa vontade em aprender algo.
O que isto está me ensinando? Ou tentando me ensinar?
Ao olhar no espelho, como posso absolver quem mais carece de perdão e compressão?
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