Auto Sadomasoquismo
Não sejamos porta-vozes da dor.
Não somos vítimas senão de nós mesmos.
Confortar a dor de alguém, por mais humano que pareça é alimentar a mesma.
Quando sentimos dor, não queremos que alguém nos diga que esta dor é necessária ou que vai passar. Na verdade queremos não vivenciá-la.
Mas por que caímos na tentação do conforto?
Por que é cômodo, vitimista e não precisamos fazer muito.
Enfrentar a dor dói. E exige um esforço.
Quem carece de conforto é o ego.
Vítima de si mesmo, clama por atenção, enquanto se deleita deste egocentrismo na própria dor.
O ego é auto sadomasoquista.
O ego não compraz com o confronto da consciência, a única que pode acabar com a ilusão.
Falamos aqui de amor e daquilo que possa curar ou libertar o outro e a nós mesmos.
Mas amar é um verbo. Exige atenção, dedicação e confrontação.
Emanemos não mensagens ou gatilhos de conforto ao sofrimento, mas de libertação daquilo que faz sofrer, daquilo que nos impede de enxergar acima e além da dor.
Por que aquilo que semeamos, colhemos, e aquilo que alimentamos cresce.
A dor pode ensinar, mas só o amor nos faz aprender. Porém amor consciente!
É impossível livrar-se da dor, mantendo o ego. Ele é o algoz de si mesmo.
Isto nos atinge por que uma parte de nós encontra-se aprisionada ao mesmo.
Assim como não existe a lâmpada sem o gênio, não há vírus sem uma célula que o alimente, também não existe ego sem uma parte de nós que o sustente, aprisionada à mentira.
O ego é a ilusão de existir sustentado na mentira.
Ele alimenta-se da própria ilusão de existir, pois depende de seu hospedeiro para existir.
É o ego que cria a ilusão de ser o que não somos, estar onde não estamos e ter o que não temos.
O ego é a busca pelo conforto, pela felicidade e pela paz, quando podemos simplesmente abdicarmos desta busca, simplesmente sendo nós mesmos.
Fluindo como as águas de um caudaloso rio, entendemos a impermanência da vida, e entendemos que podemos simplesmente Ser.
A consciência é o bisturi desta cirurgia catártica e necessária, até que a paz denote a ausência de dor.
Portanto, a única maneira de eliminarmos a dor é destruindo o próprio doente: o ego.
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