A Colher que Mexe a Panela

Com licença dos mais velhos...
O grande erro dentro do povo de santo é achar-se o "santo" ou o orixá. Entre dar uma obrigação e ser o Orixá há uma distância muito grande. Sem falar que o Orixá em toda sua essência mal se expressa numa matéria degenerada na hora do culto. Se fosse assim o "elegun = aquele que recebe o santo" morreria instantaneamente. A energia do Orixá é muito forte pra que isso ocorra. Mas por aí se diz "fazer o santo", como se o santo fosse feito em um laboratório...Não existe isso. O Santo já tá pronto do outro lado há milênios...O que se faz é "unir o Ori ao seu Orixá", quando o iniciado está muito distante de seu Espírito. Diz-se a cabeça tá fora do corpo...
É uma responsabilidade muito grande lidar com as coisas "do santo".
Então a gente vê muita vaidade, pavonice, um verdadeiro carnaval em algumas casas, quando o Santo não quer nada disso...
O que o Orixá quer é humildade e amor do filho, desejoso de se aproximar de seu pai ou de sua mãe, não pra pedir riquezas, mas pra fazer esse reencontro com seu ponto de equilíbrio com sua natureza sem perder o referencial na terra.
Nós, meros mortais, somos tão somente um veículo e uma alma em processo de aprendizado. Sujeitos a altos e baixos e todos os aspectos.
Portanto, não podemos esperar de um filho de Xangô um exemplo de justiça, embora esse seja seu caminho de aprendizado. Não podemos esperar de uma filha de Oxum toda graciosidade e refino, embora seja esse seu aprendizado. E assim adiante...

Voltar aos "itans", as histórias sobre o que os Orixás passaram na terra é, muitas das vezes um perigo. Se a bíblia que foi escrita há algumas centenas de anos tem lá seus erros de tradução com suas diversas interpretações, imagina um conhecimento passado de "lábios a ouvidos" pelos mais velhos...Um conhecimento não de 2.000 anos, mas de milênios...O Orixás são bem de antes de Moisés e até do Egito, pra se ter uma idéia...Será que tá tudo intacto? Será que algum Babalorixá ou Yalorixá sabe "tudo" do santo por herança de suas "navalhas"?
Por isso, melhor ouvir o Orixá que fala se não por meio de sonhos e visões, fala no pé do ouvido do próprio filho coisas que não fala nem jamais falaria a uma fila de "pais de santo"...
E por quê não fala? Por que o conhecimento que deveria ser usado para o bem e a evolução de seus descendentes e de todo "axé" infelizmente cai nas mãos erradas, de quem não tem o menor compromisso com a verdade e com o bem de seus filhos, mas tão somente com o desejo de "se dar bem" às custas do santo alheio. Não é assim que se se vê no dia-dia? Por isso a paciência e a fé são requisitos pra se adentrar no culto que não é o praticado no salão mas no "roncó" do coração puro e sincero.
Não á receita para as coisas do "Santo". Há o que o Santo receita para cada filho...
Por isso digo que não confunda o santo com o cavalo...

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