Luz Própria

Gostaria de falar de um assunto muito importante.
Talvez o mais importante de todos os temas.
Trata-se do desenvolvimento da auto-consciência.
A humanidade vive por viver.
Nasce, cresce, se reproduz, adoece e morre sem saber absolutamente nada de si mesmo.
Quer o homem prescrutar sobre tudo no universo. Tem a audácia de dissecar cadáveres e até de falar com os mortos. Mas, lamentavelmente, não sabe nada sobre si mesmo.
O mais lamentável é que não só não sabe, como não sabe que não sabe.
Marcha agonizante para morte sem ao menos se perguntar: o que faço aqui? Quem Sou? De onde vim? Prá onde vou?
A vida, caros irmãos, é muito mais que viver.
Há algo mais, além dos cinco sentidos. Além de qualquer filosofia. Além de qualquer modelo pré concebido ou seguido por quem quer que seja.
Este algo não está nos livros, nos laboratórios, nas igrejas, nem tampouco em qualquer sacrifício religioso.
Quando o Ser dedica-se verdadeiramente a conhecer a si mesmo, então tem a chance de expressar sua verdadeira natureza, sua própria luz, seu Eu Sou.
A palavra Eu Sou é sagrada a partir do momento que se a pratica com a mais desinteressada das intenções senão a de reconhecer sua própria natureza.
Não adianta Deus manifestar-se fora se não o reconhecemos no próprio ato de se estar vivo.
Uma dama da noite não é menos que uma donzela do lar; tampouco um bom moço é superior ao infeliz frequentador dos lupanares. Nada se perde na vida.
Tudo pode mudar a partir do momento que se pratica o primeiro ato de libertação.
Isto se consegue quando em um dado momento nos recordamos de nós mesmos. Aceitamos nosso "natural". Nossa natureza sagrada. É quando percebemos como que num instante de "insight" nossa sagrada presença.
Então se inicia um processo de despertar.
Pode o homem a partir de então expressar sua luz. Totalmente desprovida de artifícios, livre da personalidade temporal, senão a sua realidade.
Quando o homem tem a memória de si mesmo aqui e agora ele deixar de seguir ídolos, embora aprenda a reverenciar a divindade em cada Ser. Não mais teme a Deus - não de forma cega e fanática, mas o adora em todas as coisas pois consegue vê-lo em tudo. Adquire, por assim dizer, a capacidade de amá-lo em todas as coisas e no próximo, como em si mesmo.
Amar a Deus em si mesmo é o básico, o inadiável.
Aquele que ignora sua própria luz, que deprecia sua real natureza, que abandona o seu Deus interno jamais o encontrará fora de si mesmo. Ainda que lhe dirija uma prece ou lhe faça um sacrifício. Saberá que Ele existe, não poderá negar este fato, mas jamais o conhecerá.
Encontrar Deus dentro de Si é reconhecer sua presença através da capacidade nata de amar e de expressar esse amor.
Expressamos este amor na arte, no trabalho, em casa, na relação com nossos semelhantes.
Enquanto não encontrarmos essa luz própria jamais seremos capazes de verdadeiramente reconhecê-la em nossos semelhantes, tampouco a encontraremos em um deus.
O segundo ato imediato ao primeiro surge quando olhamos nossos semelhantes como parte desse Eu Sou.
Veremos que a dor de um ser é na verdade consequência desse sono profundo da consciência em que se encontra a humanidade que faz bomba prá destruir a si mesmo.
A incapacidade de ver Deus no outro é consequência de não tê-lo encontrado em si mesmo.
A inveja surge quando o homem nega o seu Deus, quando nega Deus dentro de si mesmo.
Quando o homem aprende a cultivar sua conexão consigo mesmo, com sua natureza mais pura e verdadeira, desenvolve a auto-suficiência desprovida de ego. Morre toda necessidade de comparar-se com o outro. Descobre a sua importância no universo e, portanto, enxerga a importância do outro. Mesmo que o outro não consiga.
Eis a solução de todo problema na terra.
Não existiria o homem se não fosse o pão que ele come.
Eu Sou a sagrada presença Eu Sou em Vós.
Namasté!

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