Karma: Lei de Ação e Consequência

O culto à ancestralidade e o reconhecimento da natureza raiz de cada indivíduo é fundamental para o conhecimento maior de si mesmo, tanto no que se refere às suas potencialidades, quanto à conscientização de fraquezas e defeitos, conhecimento fundamental para uma evolução efetiva do ser humano assim na terra como nos céus.
Sim, na terra por que nos tornamos melhores que ontem e nos céus por que revestimos nossa aura espiritual de mais luz, sabedoria e amor.
É bom lembrar que a palavra culto vem de sua raiz etimológica primordial cultivar, cuidar de.
Basta uma missa, para os católicos, uma oração, na concepção budista, uma prece, segundo os kardecistas.
As práticas xamãs e de povos primitivos como Roma, Grécia e Egito reconheciam seus antepassados e os invocava com intuito de serem auxiliados em suas empreitadas e os oferecia sacrifícios (sacro ofício) e penitências.
E no Brasil, o exercício da espiritualidade de umbanda e de candomblé e suas variações permitem ao médium um resgate de sua natureza primordial, bem como um brinde pelo reencontro com seus antepassados mais habilitados ao exercício do intercâmbio energético consequente deste ato de "incorporar" e de "canalizar-se" poder melhorar as heranças futuras de nossa linhagem, bem como o alívio daquilo que os hindus sabiamente chamam de karma.
Etimologicamente karma significa lei de ação e consequência ou lei de causa e efeito.
Pensam equivocadamente alguns que o karma é exercido de uma forma burocrática sob o rito processual dos Senhores do Karma. Ora, os senhores do karma trabalham não para decidir sobre o karma de tal ou qual filho, mas no sentido de buscar subsídios de como aliviar a dor do encarnado em processo de resgate.

Samsara: O vale de lágrimas

O karma, como o próprio nome diz, é imediato, embora algumas de suas consequências só possam ser observadas mais adiante, quando o agente do karma, o próprio devedor já nem se dá conta do por quê estar passando por tal ou qual dor ou sofrimento, consequência mais comum dos atos praticados por esta humanidade encarnada.
As leis espirituais são exercidas de forma natural, sem qualquer interferência por parte dos seres mais evoluídos, exceto quando as consequências imediatas de tais atos interfiram nos direitos de outros. E neste caso, quase sempre, verifica-se a interferência de seres encarnados e desencarnados, na maioria menos evoluídos e menos conscientes de seus atos, de forma instantânea, vítimas daquilo que se "cativou" no mundo físico ou espiritual, conforme o caso.
Portanto, meus amados irmãozinhos da terra, não queiram mudar o curso natural das coisas sem que se tenha plena consciência de que tais atos gerem consequências verdadeiramente benéficas.
Saber se tal ou qual ato está verdadeiramente de acordo com os desígnios da espiritualidade maior é possível quando se observa os códigos de ética consciencial em vosso próprio Ser.
Estaria eu respeitando a liberdade de um Ser com este ato? Estaria eu trazendo um benefício real a este irmão com esta atitude? Estaria eu honrando o mais puro de meu Ser atuando desta maneira? Estaria eu aceitando a natureza em sua diversidade e complexidade tentando alterá-la? 
São perguntas a serem feitas antes de se tomar tal ou qual atitude que visem tirar a liberdade, modificar a natureza, alterar o destino ou causar deliberadamente algum dano a algo ou alguém parte integrante de um grande organismo chamado Terra.
Se atentarmos a inobservância destas questões acima abordadas veremos quão óbvia é a consequência atraída para si, dentro de um tempo e espaço perfeitamente calculado pela natureza. Este compasso de espera e abrangência da ação "cármica" oriunda do ato inconsequente, digamos, varia de acordo com a gravidade e o desequilíbrio que tal ou qual ato ocasionou.
Há descendências inteiras de judeus e muçulmanos ainda hoje lutando entre si, por não compreenderem a necessidade do resgate cármico de seus antepassados, alimentando-se de ódio, vingança e dor. Da mesma forma isto ocorre dentro de círculos familiares e de comunidades onde deveria reinar o amor, o perdão e o entendimento.
Vamos exemplificar: se altero geneticamente um vegetal, terei cedo ou tarde uma alteração genética no organismo humano. Se altero fatores climáticos, cedo ou tarde haverão catástrofes climáticas que comprometerão minha estadia na terra.
Agora falando de aspectos mais relacionados a convivência com nossos semelhantes, prive a liberdade de seu irmão e sofrerás privações cedo ou tarde. Tome algo que não lhe pertence e cedo ou tarde sentirás falta daquilo que seria seu por direito. Golpeie e cedo ou tarde a natureza a qual feristes te golpeará. Atraímos o bem ou mal, conforme nossas próprias atitudes e escolhas.
Nossas dores e sofrimentos de hoje são consequências dos atos de nossos antepassados. Eles sofrem com nossos dissabores, qual um pai ou uma mãe sofrem ao ver um filho em apuros. Estes que nos deram vida e sustento são os mais interessados em nossa redenção. Somos o berço de nossos antepassados e a semente de nossos descendentes. 
Nos frutos de uma árvore estão as sementes das árvores que haverão de florir um dia. E em cada fruto está não parte, mas "toda" a árvore mãe.
Portanto, rezemos a célebre oração de São Francisco de Assis, que nos ensina exatamente como devemos proceder em caso de dúvidas:

"Senhor, fazei-me um instrumento de vossa paz;

Onde houver ódio que eu leve o amor;

Onde houver ofensa que eu leve o perdão;

Onde houver discórdia que eu leve a união;

Onde houver dúvidas que eu leve a fé;

Onde houver erro que eu leve a verdade;

Onde houver desespero que eu leve a esperança;

Onde houver tristeza que eu leve alegria;

Onde houver trevas que eu leve a luz;

Oh mestre, fazei que eu procure mais, 

Consolar que ser consolado;

Compreender, que ser compreendido;

Amar que ser amado;

Pois é dando que se recebe;

É perdoando que se é perdoado;

E é morrendo que se vive para a vida eterna."

A árvore dá seu fruto que gera a semente que cai no solo. A semente morre e dá origem à árvore... 
O ecossistema é formado pela variedade de sementes, de árvores e de frutos...
Shalom!


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