Ahimsa: a Religião do Cristo
Toda religião é sagrada e deve
ser respeitada porém todo conhecimento deve ser observado,
pois a história tem provado que quando uma instituição religiosa tende ao
fanatismo e a degeneração quando seus adeptos seguem
cegamente um livro como código de conduta, doutrina ou dogma, sem se
importar em decifrar ou mesmo questionar seu conteúdo.
As leis de Deus estão escritas na natureza e não é
preciso saber ler ou escrever em tal o
qual língua para decifrar suas palavras. Foram ditas pelos
profetas e avatares, mas tendem a serem deturpadas pelos seus
seguidores ou por líderes mal intencionados.
Quantos cultos pagãos
foram condenados por homens distantes de Deus, ainda que ostentassem
o título de missionários ou representantes do altíssimo!
Tribos saqueadas, mulheres violentadas, bruxas queimadas, magos
torturados. Tudo isso em nome de Deus.
Enganamo-nos em achar que um letrado é
mais avançado no saber que um analfabeto do campo. Cultura,
inteligência e sabedoria são bem distintos. Da mesma forma é estúpído pensar
que é necessário abandonar o viver diário e viver como um
santo em uma gruta
ou afastado da sociedade.
Cada Ser encontra-se em uma etapa de desenvolvimento e,
portanto, cada um busca aquilo que lhe é afim, conforme
os anseios de sua alma.
Basta estar atento aos sinais, manifestos em
nossos desejos mais instintivos e puros e, certamente, estaremos fazendo a
vontade do Pai.
Gosto sempre de repetir: o homem escreve livros,
mas a inteligência é divina.
Nenhum homem pode conceder a
inteligência a outro homem. Isto é pessoal e intransferível.
E cada inteligência tem
uma função em todo organismo universal chamado Terra. Por isso
Sidarta Gautama, o Buda, não quis seguidores.
Se um livro nos orienta, se
uma canção nos transporta, se uma pintura nos inspira, se uma
escultura nos eleva, a intuição é
nossa inseparável no caminho da
vida.
Podem cair Reis e impérios, montanhas se desmoronarem,
vales se inundarem e a terra tremer. Sem nossa intuição, a
palavra do nosso mestre interno, não conseguirá chegar até nós.
Estaremos identificados mental ou emocionalmente com
os acontecimentos e jamais conseguiremos atuar como um ser pertencente à
ordem cósmica universal.
Estaremos sobre a face da terra como meros
reprodutores de tudo que nos permitimos reproduzir contra a nossa vontade
consciente. E seremos vítimas de nossa desconexão, feitos
mortos-vivos qual vive boa
parte da humanidade.
Uma vontade consciente age conforme a vontade
do Pai, consonante com as leis universais e sempre para o bem de todos,
mesmo com o sacrifício de alguns, porém jamais em função das escolhas do ego.
Conhecer a verdade é
conhecer Deus dentro de si mesmo e dentro de cada irmão, mesmo que este
o ignore, ainda que este irmão esteja no lodo da vida.
Somente a morte pode
nos fazer perceber a nulidade
de nossas vaidades e torpezas, pelo simples fato
de reduzir tudo a cinzas
e igualar ricos e pobres aos vermes da terra.
Neste momento a alma do
defunto descobre, quando se permite essa chance, como fora um tolo na face da terra,
miserando uns trocados a mais.
Entretanto podemos dar este banquete à
nossa alma ainda em vida. Proporcionar a mesma comer do pão dos
céus, ainda na terra.
Comemos desse pão quando
olhamos a vida de uma maneira diferente, quando olhamos com os olhos
da alma e discernimos com a consciência, nosso real Ser. Comemos
desse pão quando morremos. Não a morte do corpo, mas a
morte de nossos desejos egoístas e exclusivistas.
Ahimsa é a palavra-chave. Este termo é mais amplo que a “não
violência”. Significa a renúncia de tudo aquilo que violenta nossa essência
divina. É o morrer da oração de São Francisco de Assis.
Morremos em nós mesmos quandovdeixamos de maltratar
nosso irmão com palavras e atos,
e quando o amamos com pensamentos e sentimentos. Esse é o
profundo significado da crucificação. É o ahimsa dos hindus, o Jihad al-nafs muçulmano.
É a verdadeira mortificação budista.
Essa morte proporciona um alívio a
nossa alma, antes aprisionada a maneira estreita e
egoísta de enxergar.
A ira diminui a inteligência e o orgulho nos
torna injustos.
Então aprendemos a
perdoar e desejar a felicidade do outro. Aprendemos a
compreender o nosso irmão, pois já experimentamos ou
compreendemos aquele penar, aquela dor.
O pão não será mais motivo de disputa, mas de
comunhão. O amor não será mais desejado, mas doado e exercido em
cada ato, palavra, pensamento, sentimento.
Seremos o centro de nosso
universo, portanto respeitaremos o irmão, antes de ofendê-lo, pois veremos
nele uma extensão de nós mesmos.
Manifestaremos a verdade na
versão que nos foi confiada, por isto respeitaremos a verdade do outro.
Aceitaremos
nossa natureza e a viveremos em plenitude, entendendo as diversas
faces do Criador, admirando, assim, as diferenças.
E em cada pedra,
cada árvore, cada animal veremos o espírito universal de vida.
E a verdade não mais
será vendida, mas transformada a cada vivência, a cada
comunhão, a cada passo na escada da vida. E a verdade nos libertá.
Namastê, Shalom.
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